quarta-feira, 13 de agosto de 2008

PRIMEIRA VIAGEM

É POSSÍVEL SER ROMÂNTICO EM NOSSO TEMPO? Este, livro sem ser uma receita de romantismo, nos dá a resposta. Este escritor teria tudo para não o ser, vivendo vizinho ao submundo da periferia e sua violência. O leitor, ao deparar-se com este livro, se dá conta de que nasce uma flor vermelha da rachadura do concreto, do abandono, da tragédia suburbana das grandes cidades... Mas sua escrita não é uma escrita inocente de um jovem sobrevivente, seus poemas dialogam com as vanguardas incorporadas à escrita pós-moderna, mas isso não faz com que ele abandone a visão romântica do mundo, que também não é aquela valorizada pela média da literatura; o romântico que aqui se vê é aquele Albatroz desajustado que celebra a existência voando acima do olhar retificado do pequeno homem moderno. O que a princípio poderia parecer um simples anacrônico na pós-modernidade, depois da leitura, se mostra um incorrigível romântico que, após muitas quedas, aprendeu a voar em segurança. Evoé poeta!

Clei de Souza